Fagocitose
Arre, estou farto de gente normal. Também não quero semideuses. Quero demônios por inteiro, pessoas sem medo da própria humanidade. Quero a minha porcentagem de toda a matéria negra que é maioria no universo. Quero poder vampirizar os meus demônios, sugar sua vulgaridade doce, a doçura que aprendemos a banir de nós mesmos.
O mundo não é cão-come-cão. Acredito que os cães tenham mais dignidade. Somos primitivos demais para caçar em matilha, acabamos concorrendo e perdendo a caça. Não somos muito mais inteligentes do que um anticorpo que ataca o próprio corpo pensando estar fazendo o bem. Nos fazemos mal, e adoramos. Amar é devorar o próximo pelo prazer da indigestão.
Sou como o vinho: azedo com o tempo. Torno-me intragável, mais e mais a cada dia. Meu bouquet não encontrou lábio que o merecesse no tempo de sua doçura. Agora deleito-me da distância, dos calos deixados por pequenos machucados que receberam importância demais e que permeti que doessem uma dor desnecessária.
Brincar de esfinge é deliciosamente idiota e humano. Decifra-me ou o quê? Decifro-te antes, com garfo e faca na mão. Depois você me devora de volta e ficamos todos em fagocitose. Como é prazerosa a indigestão!
Pura imagem! O que me falta falar? "Oh, sou amargo e acho bonitinho?". Só me falta gesticular com um cigarro aceso. Talvez acarinhar um gato enquanto faço a minha mais ensaiada cara de cu. Milhões de anos de evolução, dezenas de músculos no rosto, tantas expressões possíveis e eu decido usar nenhuma. Aquela mesma cara que tinha minha ancestral ameba. Medo do ridículo?
RI-DÍ-CU-LO. Demônios por inteiro, agora fico de demoniozinho de mim mesmo. Vou amar o ridículo. "Amar é o ridículo da vida", foi Fernando Pessoa? Ridículo é amar a vida. Ridícula é a vida de quem ama. Ridículo é tudo, e eu amo o que me faz rizível. Perdi a vontade de ter graça. Que a graça venha involuntariamente, que surja a graça da minha desgraça. Demorei demais para acolher o meu ridículo.
Ser gente enjôa, tentar ser semi-deus é querer virar uma estátua de mármore e quebrar na primeira vez em que algo atinge mais o "semi" do que o "deus". Não quero ser semi-nada. Já me basta ser semi-novo e não poder me trocar por outro modelo mais recente. Demônio, sim, demônio como fui proibido de ser. Divirto-me mais. Quero amores mais doídos, mais reais, menos bonitinhos. Dores de verdade, não de fachada. Experimentar a vida toda, não só as partes bonitas.
Não tente mais me decifrar. Fagocita-me, tô pedindo.
O mundo não é cão-come-cão. Acredito que os cães tenham mais dignidade. Somos primitivos demais para caçar em matilha, acabamos concorrendo e perdendo a caça. Não somos muito mais inteligentes do que um anticorpo que ataca o próprio corpo pensando estar fazendo o bem. Nos fazemos mal, e adoramos. Amar é devorar o próximo pelo prazer da indigestão.
Sou como o vinho: azedo com o tempo. Torno-me intragável, mais e mais a cada dia. Meu bouquet não encontrou lábio que o merecesse no tempo de sua doçura. Agora deleito-me da distância, dos calos deixados por pequenos machucados que receberam importância demais e que permeti que doessem uma dor desnecessária.
Brincar de esfinge é deliciosamente idiota e humano. Decifra-me ou o quê? Decifro-te antes, com garfo e faca na mão. Depois você me devora de volta e ficamos todos em fagocitose. Como é prazerosa a indigestão!
Pura imagem! O que me falta falar? "Oh, sou amargo e acho bonitinho?". Só me falta gesticular com um cigarro aceso. Talvez acarinhar um gato enquanto faço a minha mais ensaiada cara de cu. Milhões de anos de evolução, dezenas de músculos no rosto, tantas expressões possíveis e eu decido usar nenhuma. Aquela mesma cara que tinha minha ancestral ameba. Medo do ridículo?
RI-DÍ-CU-LO. Demônios por inteiro, agora fico de demoniozinho de mim mesmo. Vou amar o ridículo. "Amar é o ridículo da vida", foi Fernando Pessoa? Ridículo é amar a vida. Ridícula é a vida de quem ama. Ridículo é tudo, e eu amo o que me faz rizível. Perdi a vontade de ter graça. Que a graça venha involuntariamente, que surja a graça da minha desgraça. Demorei demais para acolher o meu ridículo.
Ser gente enjôa, tentar ser semi-deus é querer virar uma estátua de mármore e quebrar na primeira vez em que algo atinge mais o "semi" do que o "deus". Não quero ser semi-nada. Já me basta ser semi-novo e não poder me trocar por outro modelo mais recente. Demônio, sim, demônio como fui proibido de ser. Divirto-me mais. Quero amores mais doídos, mais reais, menos bonitinhos. Dores de verdade, não de fachada. Experimentar a vida toda, não só as partes bonitas.
Não tente mais me decifrar. Fagocita-me, tô pedindo.
cara, viver - e sentir - tudo dessa vida dói, mas dói pra caráleo.
ResponderExcluirsó que ainda acho que vale a pena. e olhe que não vivo rindo a tôa por aí...
felizmente não tenho medo do ridículo a que posso me sujeitar, hehe.
Não quero te comer. Fagocitar não é tipo, te englobar e usar minhas enzimas pra te digerir? Não.
ResponderExcluirSe fagocitar-te significa, daí, incorporar todo o talento, fagocito-te com gosto! :-P
ResponderExcluirFiote, tudo o que descreveste querer ser é uma semi-divindade. Viva por inteiro, que nem a Lua se contenta em ser metade.
ResponderExcluirTerrivel és, prefiro a doce e carismática depressividade do Blog do Alex Guerreiro - http://blogdoalexguerreiro.blogspot.com/
ResponderExcluirTerrivel és, prefiro a doce e carismática depressividade do Blog do Alex Guerreiro - http://blogdoalexguerreiro.blogspot.com/
ResponderExcluirEssa pequena "macumbinha" dá muita sorte,mas diga com fé 3 vezes:
ResponderExcluir"Assim como a chitsa é lontela vou ganhar na macumba lacabenta porque a sorte entra"
nosaaaa,não é que a macumbinha funcionou,obrigadissima,só com ela ganhei um carro,uma tv,um mp3 e um celular,adoreiii
ResponderExcluiren7ã8 4d8r5i m4n4
ResponderExcluiradorei as dicas de sites,obrigada
ResponderExcluir;)
marciny
I am american and love the texts
ResponderExcluirthanks
:~) KATE MINEY
O melhor shampoo e condicionador que existe, elseve reparação5 ele é d++++++++
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