Inferno Astral
Sou
um quase ateu - apesar de todo mundo me achar ateu por inteiro.
Meu negócio não é o de não acreditar na existência de um espírito organizador, porque eu sou fraco demais pra não acreditar em nada. Meu problema é o prazer gigante que eu sinto em blasfemar.
Meu negócio não é o de não acreditar na existência de um espírito organizador, porque eu sou fraco demais pra não acreditar em nada. Meu problema é o prazer gigante que eu sinto em blasfemar.
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Outro
dia escrevi um poema sobre como seria a vida de Maria, a mãe de
Jesus, se ela na época existissem reality shows.
Já
pensaram a Maria no Mulheres ricas? "Ah, hello! Eu sou a mãe do
Salvador!", diria ela com voz de socialite no hélio enquanto
bebericasse um copo de água transformada em vinho pelo filho. "I
am the face of Belém!"
Se
existisse Big Brother, ela seria aquela nojentinha que se faz de
virgem e - todas elas são assim - não toma banho. Ainda assim, o
voto do povo seria para eliminar a Maria Madalena, porque ela teria
conseguido convencer o líder da semana a trocar o título de líder
por um boquete.
O
gordinho pseudointelectual do programa seria o Herodes. Se na casa só
morassem bebês, ele eliminaria todos. É provável que ele se desse
melhor no Super Nanny.
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Comecei
a falar do meu quase ateísmo porque algumas coisas me fazem ter
certeza que existe uma força superior - e que ela gosta de me
provocar.
Fiz
vinte e dois anos essa semana. Eu nunca acreditei muito em inferno
astral, apesar de super achar que meu mapa astral sou eu, cuspido e
escarrado. Mistérios (de uma mente fácil de enganar, talvez).
Pois
bem. Nos dois dias antes do meu aniversário, eu fui capaz de:
-
quebrar meu fone de ouvido, que tinha um plug DE OURO que era pra não
quebrar se eu tropeçar no cabo enquanto eu danço pela casa de
madrugada (e foi assim que ele quebrou, mesmo);
-
o fone de ouvido, por sua vez, quebrou a saída de som do computador
de maneira que não sai som nem pela saída para fone de ouvido e
nem pela caixinha de som do próprio notebook;
-
isso depois de passar quinze dias tomando antibióticos para dor de
ouvido;
-
o que me faz crer que deus me quer surdo.
-
Também peguei uma conjuntivite de uma amiga que eu evitei o dia
inteiro porque ela estava com o olho vermelho;
-
de maneira que, na impossibilidade de usar as lentes de contato, tive
que usar meus óculos. Se eles quebraram no momento que eu tentei
ajeitar pra caber no rosto sem ficar caindo o tempo todo? Of course
que sim!
-
o que me faz crer que deus me quer cego, também.
-
Além disso, acordei sem voz hoje.
-
E já que gastei pra fazer um óculos novo, acordei sem grana para
pagar a conta da internet, me deixando sem muito o que fazer no tempo
que passo no meu apartamento.
-
Isolado e sem grana é pouco, já que dois celulares estragaram na
última semana.
Em
compensação, eu li uma caralhada hoje, trabalhei direito e voltei a
escrever. Quem sabe isso tudo seja por um motivo importante. Resgatar
meu estudo, meu trabalho, meu ofício de escritor!
Isso,
ou deus ainda não achou um jeito de amputar minha mão e fazer
parecer que não foi culpa dele.
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O
pior é que minha mente influenciada demais por livros de autoajuda
me deixa culpado por escrever uma lista cheia de reclamações. “Vai
atrair mais azar ainda!”, diria minha consciência. “Não fala
essa palavra de quatro letras porque isso atrai o oposto-de-sorte”,
diria o Paulo Coelho.
Não
estranhem se o meu próximo texto for uma lista das coisas incríveis
que eu tenho recebido na vida, com ítens como “Um lindo
pôr-do-sol!”, “A beleza de uma flor” e “Compartilhamentos do
meu post no Facebook”. Isso se o próximo texto não for digitado
usando a minha boca, por um castigo divino que me arranque as mãos.
“Hello!”,
diria Jesus para um anjinho, “I am the face of Heaven! Manda
amputar esse animal que difamou a mamãe!”.
HAUAHAUAHAUAHAU
ResponderExcluirAi Flavio, vc é uma comédia!!!
Quanta tragédia!!!
Vá pra Igreja! hauahauahauaau
MTO BOM! HAHAHAHAHAHA
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