Pagando o preço
Foi no meu segundo ano de curso de psicologia que tomei coragem e fui conversar com uma professora para perguntar se ela me indicaria uma pessoa da confiança dela que estivesse começando a carreira e topasse cobrar menos para atender um aluno bolsista sem muita grana.
No
fim da conversa, com alguma habilidade dela, decidiu-se que ela mesma
seria minha analista. Eu saí dividido daquele papo: uma parte minha
estava feliz por poder fazer análise com alguém que eu admirava
tanto, outra parte pensava CACETE, CACETE, COMO EU VOU PAGAR POR
ISSO?
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De
lá pra cá, com alguns apertos no orçamento e um emprego a mais no
horário, aprendi uma grande lição: aprender a pagar o preço
daquilo que é meu desejo foi mais do que a análise em si, que
remexia no meu passado me ajudou.
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É
disso que concluo que as mudanças pelas quais uma pessoa passa num
processo terapêutico podem ultrapassar em muito os objetivos do
processo terapêutico em si. Hoje, na clínica de psicodiagnóstico,
somos requisitados a preencher uma ficha de triagem a cada paciente
novo. Nesta ficha, os campos “Queixa do paciente” e “Expectativas
do paciente”.
Não
acredito que, se precisasse responder a essas perguntas no primeiro
dia de minha própria análise, eu responderia “Sou incapaz de
pagar o preço do meu desejo” na minha queixa. Minha queixa foi de
que eu queria fazer aula de canto e não tinha grana nem coragem para
tanto. Minhas expectativas do processo analítico? “Transforme-me
numa pessoa incrível.”
Aliás,
um dos motivos de eu ter procurado minha própria análise foi uma
fala dessa professora, numa clara autopropaganda, falando “Quem faz
análise fica mais rico, mais bonito e mais feliz”. Não estou mais
rico, mas de alguma maneira meu dinheiro passou a ser suficiente para
pagar pelas minhas aulas de canto, a natação, o aluguel de um
apartamento melhor, camisetas e cuecas novas.
Não
estou mais bonito necessariamente, mas a natação (que eu sempre
quis fazer e não me permitia) e as roupas novas me ajudam a ter uma
aparência muito mais interessante do que a do garoto do interior que
achava ridícula a vaidade de quem queria se arrumar para os outros
(que eu era antes da análise).
Mais
feliz? Não sei se é possível medir felicidade, e também não sei
se um nível alto de felicidade o tempo todo seria realmente bom de
se ter. Estou, sim, menos dramático – e isso diminuiu um peso
gigante que eu estava habituado a carregar. Peso a menos é ótimo,
porque sei que o caminho pela frente ainda é longo.
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O
que uma terapia pode fazer por um paciente que procura ajuda? São
mil terapias que podem aplicar mil técnicas, podem utilizar uma
escuta treinada, podem ajudar a botar pra fora muita coisa que se
guarda à toa, podem acolhê-lo quando estiver perdido.
Enfim,
com a medida certa de química entre terapeuta e paciente pode se
fazer muita coisa, mas nada será possível fazer sem que este
paciente cumpra uma condição: estar disposto a pagar o preço.
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A não ser que o
seu terapeuta cobre MUITO caro. Aí você pede um desconto.
MEU MAIOR MEDO EM FAZER TERAPIA,,,ERA CONHECER UM INDIVIDUO PIOR QUE EU ME VIA,,,,,,, EU PENSAVA JÁ NAO GOSTO-ME ASSIM IMAGINE COM UM TERAPEUTA, MOSTRANDO MEUS PODRES DESCONHECIDOS....
ResponderExcluirMAS DEI A CARA A TAPA... PAGUEI PRA VER... E REALMENTE DESCOBRI UM NOVO HOMEM, UM SER FANTASTICO, QUE EU DESCONHECIA, CLARO Q ISSO NAO É REGRA, COM CERTEZA A PESSOAS Q DESCOBRIRÃO COISAS POUCOS CONVENCIONAIS DE SEREM DESCOBERTAS, MAS MESMO ASSIM VALE A PENA.
NAO HA INDIVIDUO QUE NAO CARREGA INCRUSTAÇÕES DE UMA VIDA CHEIA DE DIFICULDADES, SEJA DE QUALQUER NATUREZA...
POIS QUEM TEM VIDA FACIL, OU ASSIM ACHA Q É A SUA, ASSIM A VÊ, POIS NEM AO MENOS SE DÁ PARA VIDA, POIS É APENAS SE EXPONDO Q SENTIMOS A DIFICIL, MISSAO Q É VIVER...MAURICIO MARIOT