Amar é frustrar
Pais machucam filhos.
Essa é uma lei da natureza tão certeira quanto a de que pais botam filhos no mundo.
Duas certezas biológicas: a da reprodução e a da produção de traumas.
Agora, pobre do pai que acredita que pode se poupar de machucar um filho.
Todo pai que age cheio de dedos para evitar causar traumas futuros em seu filho não o faz pelo bem do filho: o faz pela vaidade de ser considerado um bom pai.
Ironicamente, os bons pais são odiados,
Bons pais incomodam, bons pais tem defeitos horríveis, bons pais dão a seus filhos o presente de, desde cedo, saber lidar com situações difíceis.
Um bom pai precisa criar, pelo menos, três bons traumas em seus filhos por semana.
Menos do que isso é negligência.
--
Filhos machucam seus pais.
Aliás, bons filhos machucam seus pais.
É necessário não ceder às suas expectativas e botar alguma ordem nessa bagaça. Sim, eles mandam em casa, mas eles não mandam na vida de todo mundo.
Muito menos na vida de um bom filho.
Quer ver um filho ruim? É aquele que vai com a mãe na igreja, que leva o pai ao supermercado e que deixa o salário inteiro em casa no fim do mês. É aquele que paga com a própria gastrite pela mania de limpeza da mãe.
--
Um bom filho presenteia sua mãe kardecista com uma tatuagem do Belzebú, pra ela aprender a ter tolerância religiosa.
Um bom filho presenteia seu pai vascaíno com uma bandeira do Flamengo na porta do próprio quarto, pra ele aprender que seu amor pelo filho supera tudo.
Um filho ótimo aparece com um neto de presente para os pais assim que completa quatorze anos.
Ah, quanta coisa esses pais vão aprender com isso!
--
É no embate entre pais e filhos que acontecem os maiores crescimentos nessa relação.
Na hora do colo e cafuné tudo é muito bonito, mas pobre da família que só tem amor e carinho.
Família serve pra entender a ambiguidade de amar e odiar a mesma pessoa.
Pra gritar no almoço de domingo e pra ferrar com todas as possibilidades
Pra ser tão ruim, tão ruim, a ponto de uma pessoa aprender que os horrores de ser independente e se ferrar na vida não são tão ruins assim,
Família serve pra ferir, pra pedir perdão e seguir amando.
Pra ensinar que, mesmo causando danos horríveis à vida de outro ser humano, é possível ser amado incondicionalmente.
--
Pra chegar nesse nível de evolução, só soltando o cinto de segurança e deixando a própria personalidade correr solta, por mais que ela possa causar acidentes no trajeto.
Frustrar não é falta de amor. Frustrar é, justamente, amar.
Frustrar é mostrar a possibilidade de um mundo real e libertar a outra pessoa da infantilidade de viver desejando um mundo ideal.
Seja de pais para filhos, seja de filhos pra pais.
Todos feridos, todos frustrados, todos banhados de amor.
Essa é uma lei da natureza tão certeira quanto a de que pais botam filhos no mundo.
Duas certezas biológicas: a da reprodução e a da produção de traumas.
Agora, pobre do pai que acredita que pode se poupar de machucar um filho.
Todo pai que age cheio de dedos para evitar causar traumas futuros em seu filho não o faz pelo bem do filho: o faz pela vaidade de ser considerado um bom pai.
Ironicamente, os bons pais são odiados,
Bons pais incomodam, bons pais tem defeitos horríveis, bons pais dão a seus filhos o presente de, desde cedo, saber lidar com situações difíceis.
Um bom pai precisa criar, pelo menos, três bons traumas em seus filhos por semana.
Menos do que isso é negligência.
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Filhos machucam seus pais.
Aliás, bons filhos machucam seus pais.
É necessário não ceder às suas expectativas e botar alguma ordem nessa bagaça. Sim, eles mandam em casa, mas eles não mandam na vida de todo mundo.
Muito menos na vida de um bom filho.
Quer ver um filho ruim? É aquele que vai com a mãe na igreja, que leva o pai ao supermercado e que deixa o salário inteiro em casa no fim do mês. É aquele que paga com a própria gastrite pela mania de limpeza da mãe.
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Um bom filho presenteia sua mãe kardecista com uma tatuagem do Belzebú, pra ela aprender a ter tolerância religiosa.
Um bom filho presenteia seu pai vascaíno com uma bandeira do Flamengo na porta do próprio quarto, pra ele aprender que seu amor pelo filho supera tudo.
Um filho ótimo aparece com um neto de presente para os pais assim que completa quatorze anos.
Ah, quanta coisa esses pais vão aprender com isso!
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É no embate entre pais e filhos que acontecem os maiores crescimentos nessa relação.
Na hora do colo e cafuné tudo é muito bonito, mas pobre da família que só tem amor e carinho.
Família serve pra entender a ambiguidade de amar e odiar a mesma pessoa.
Pra gritar no almoço de domingo e pra ferrar com todas as possibilidades
Pra ser tão ruim, tão ruim, a ponto de uma pessoa aprender que os horrores de ser independente e se ferrar na vida não são tão ruins assim,
Família serve pra ferir, pra pedir perdão e seguir amando.
Pra ensinar que, mesmo causando danos horríveis à vida de outro ser humano, é possível ser amado incondicionalmente.
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Pra chegar nesse nível de evolução, só soltando o cinto de segurança e deixando a própria personalidade correr solta, por mais que ela possa causar acidentes no trajeto.
Frustrar não é falta de amor. Frustrar é, justamente, amar.
Frustrar é mostrar a possibilidade de um mundo real e libertar a outra pessoa da infantilidade de viver desejando um mundo ideal.
Seja de pais para filhos, seja de filhos pra pais.
Todos feridos, todos frustrados, todos banhados de amor.
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