Fisioterapeutas
Se tiver como uma profissão ser prima de outra, eu acho que a prima mais chegada da psicologia é a fisioterapia.
Até nos clichês de "Vou fazer esse curso porque meu bom coração quer ajudar ozoutros!" e nos pais perguntando "Mas filho, por que você não tenta medicina? Você tem tanto potencial!", as profissões são parecidas.
Eu, como uma pessoa abençoada com uma coluna meio fodida, frequento fisioterapeutas há anos. Adoro. Gasto uma parte irresponsável da minha renda em psicoterapia e fisioterapia.
Eu vou ao psicólogo pra mudar minha postura diante da vida, e depois pra fisioterapia pra aprender a consertar a postura de cabide de plástico velho que eu conquistou com tanto anos andando de cabeça baixa.
Trato lá até a minha bipolaridade esportiva (num dia eu faço TODO O ESPORTE DO MUNDO, como se eu fosse um labrador numa tempestade de bolinhas, no outro quero morrer como um labrador no dia seguinte a uma tempestade de bolinhas).
É uma pena que passar uma horinha com cada um desses profissionais seja tão inacessível pra maior parte da população. Seríamos muito melhores de cabeça boa e coluna relaxada.
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Uma coisa que eu gosto em fisioterapeutas é a capacidade que muitos deles tem de trabalhar com ciência pesada junto com técnicas mais integrativas.
Quase todo fisioterapeuta que eu conheço tem uma tonelada de diplomas, mestrado featuring o escambau e, ao mesmo tempo, uns cristais que usam pra realinhar os chacras do paciente num caso de emergência.
Um tempo atrás, eu ia numa fisioterapeuta mágica.
A mulher encostava em mim de levinho por uma hora, enquanto tocava um sonzinho kumbayá, e eu saía de lá caminhando sobre nuvens, como se tivesse ganho quinze centímetros de altura. A técnica dela era meio obscura, mas isso era parte do charme.
Até o dia que ela começou a cobrar duzentos reais a sessão, e aí eu comecei a achar que faria mais sentido pagar isso tudo em alguém que não usasse óleos essenciais pra tratar minha coluna.
A cura era mágica mas meu orçamento não.
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Agora eu vou em uma fisioterapeuta igualmente mágica (que alterna as sessões de RPG com uns relaxamentos mucholokos), mas que tem um preço que me permite fazer as sessões com ela e ainda manter meu guarda-roupas livre de cuecas furadas.
A mulher tem doutorado em fisioterapia neurofuncional, me explica anatomia em termos detalhadíssimos, como se fosse a coisa mais simples do mundo, e ainda assim me fala que as barras de Access vão reprogramar minhas células.
É forçado, mas saio de lá sem dor na coluna e com a sensação de equilíbrio.
Não conheço categoria mais disposta a estudar tanto a ciência quanto a crendice pra fazer bem aos seus pacientes. Psicólogos, talvez, mas psicólogo místico tende a fazer umas cagadas que me fazem não recomendar a mistura das coisas.
Já as fisioterapeutas parecem dar conta melhor de fazer isso. Mesmo quando não colocam nada além de ciência no trabalho, parecem fazer mágica.
Bando de bruxa nerd.
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Quis escrever isso tudo porque ontem foi dia do fisioterapeuta.
Coleguinhas, muito obrigado por existirem.
Que mais e mais gente tenha acesso a esse trabalho tão importante e que vocês recebam a valorização que tanto merecem.
E, por favor, vejam se tem como dar um jeito de arrumar minha cervical de vez.
Não tá fácil.

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