O Término


Terminei um relacionamento de cinco anos ontem.

Não foi tão difícil quanto eu pensei que seria. Também não houve crise - eu simplesmente senti no meu coração que era hora de seguir a vida sozinho.

Talvez esse tenha sido relacionamento mais aberto que eu tive. O que eu mais me expus, o que eu mais me deixei vulnerável.
Não que eu não tenha brigado muito: quantas coisas eu ouvi e achei absurdas, quantas vezes quis ir embora batendo a porta, quantas vezes quis nem aparecer...Ainda assim, permaneci fiel.

Foram cinco anos da mais profunda entrega. Eu estava lá, aberto, e era hora de fechar. Minhas mãos tremiam e minha voz também:

"Então... Eu tenho pensado e... eu acho que preciso de um tempo só comigo."

--

Não sei se pretendo me reaproximar da mesma pessoa daqui a alguns meses ou se vou tentar engatar com outra pessoa.

Ontem eu estava muito certo da minha decisão, mas hoje estou um pouco balançado. A vontade é de ligar falando "volta pra mim!", porque eu sei que relacionamentos assim não acontecem com qualquer um.

É que eu passei muito tempo seguido dentro de relacionamentos como esse.

Antes desse, foram quatro anos com uma mulher mais velha, bem distante, que sempre ficava em silêncio e que me deixou bem bagunçado emocionalmente.

Antes ainda, dois anos com uma outra mulher, que além de mim, acolheu minha família toda.

Até chegar nos cinco anos, sem idas-e-voltas, que passei com esse rapaz de agora. Esse foi bem especial. Me fez sentir ouvido como nunca antes. Cresci demais, demais, demais, com ele.

Será que, depois do término, ele me aceitaria, talvez, só como amigo? Ou seria desconfortável, depois de tanta intimidade?
Será que eu conseguiria me abrir da mesma forma com outra pessoa, quando sentisse que era hora?

--

Por sorte, meu terapeuta foi muito compreensivo:
"Precisando de mim, estou aqui. Seja pra marcar uma sessão novamente ou só pra tomar um café."

Nos despedimos com um forte abraço. Eu, com lágrimas nos olhos. Como essa relação me fez bem!

Mesmo tendo provocado o término, estou de coração partidinho.


Por toda a minha vida adulta, eu quase nunca estive sem fazer terapia. Vou passar uns meses me lembrando de como é.

Ainda assim, pretendo embarcar numa relação dessas de novo.
Francamente, passar pela vida sem ter com quem comentar o passeio não tem a mesma graça.


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