Dando sopa
Às vezes me sinto a pessoa mais influenciável do mundo.
Ano passado, não ouvi um pio na mídia brasileira sobre a tal da Black Friday. Esse ano, de uma hora pra outra, todo mundo só fala nisso.
Ano que vem, já vai ter gente esperando pelo dia de fazer compras. As tradições tem surgido cada vez mais rápido - pelo menos quando ajudam a vender quinquilharias pra classe média.
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Depois de jogar duas pessoas no chão e empurrar uma criança para conseguir enxergar os preços, me decepcionei: estava tudo tão caro quanto no dia anterior.
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Estava voltando da faculdade e tentando ler um livro enquanto o ônibus chacoalhava de lá para cá. Na história, pra demonstrar a pobreza do personagem, o autor fez questão de fazer constar que ele só come sopa, em todas as refeições.
Uma das cenas descrevia com riqueza de detalhes a sopa que o rapaz comia: rala, com poucos pedaços de frango, arroz do dia anterior e algumas batatas picadinhas.
A intenção era despertar piedade do personagem. O efeito foi o de me deixar morrendo de vontade de comer sopa.
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Em pleno verão, bater na porta dos vizinhos mais amigáveis perguntando se eles tinham sopa não era uma opção - e sim, se fosse inverno eu teria cara-de-pau suficiente de fazer isso.
A solução foi caminhar até um hipermercado perto de casa, o único lugar aberto naquele horário. Talvez eu achasse sopa em lata por lá.
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Pelo menos quinhentas pessoas se amontoavam na entrada do supermercado. Pessoas com duas, três televisões LCD lotando o carrinho de compras corriam de um lado para o outro, desesperadas com a possibilidade de não conseguir comprar a quarta.
"Os preços das televisões devem estar ótimos", pensei, "vou tentar roubar uma no estacionamento".
Era a Black Friday (sexta-feira afro, em bom português).*
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Ano passado, não ouvi um pio na mídia brasileira sobre a tal da Black Friday. Esse ano, de uma hora pra outra, todo mundo só fala nisso.
Ano que vem, já vai ter gente esperando pelo dia de fazer compras. As tradições tem surgido cada vez mais rápido - pelo menos quando ajudam a vender quinquilharias pra classe média.
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Depois de jogar duas pessoas no chão e empurrar uma criança para conseguir enxergar os preços, me decepcionei: estava tudo tão caro quanto no dia anterior.
Tá certo que o conceito de caro para um estagiário de psicologia que conta o salário em múltiplos de cinquenta centavos não vale para todo mundo, mas nada justificava aquele furdunço todo - quer dizer, algo justificava: propaganda na televisão e um nome abestalhado em inglês.
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Quem vê, pensa que dinheiro é mato. Como eu saí de lá sem televisão nenhuma, talvez eu não seja realmente a pessoa mais influenciável do mundo. Pena que fiquei sem sopa.
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*Eu sei que não é afro, gente. Não sabia se ressaltava a ironia, se assumia que era uma piada ruim ou tirava essa parte do texto. Resolvi fazer uma nota de rodapé, que é a coisa mais fina que se pode fazer em um blog.
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*Eu sei que não é afro, gente. Não sabia se ressaltava a ironia, se assumia que era uma piada ruim ou tirava essa parte do texto. Resolvi fazer uma nota de rodapé, que é a coisa mais fina que se pode fazer em um blog.
sexta-feira afro? qual o sentido disso? pesquise sobre a origem do termo. se foi piada, faça alguma mais inteligente.
ResponderExcluirse for criticar, faça uma critica mais inteligente.
Excluirse é pra criticar, faça uma critica mais inteligente.
ExcluirSimplesmente, deixe de ser babaca
ExcluirFalta-lhe humor Renato, ou na verdade faltou inteligência da sua parte para entender a piada, até mesmo para ler a nota no final do texto.
ExcluirRealmente, de afro o black desse nome não tem nada. Lamentável.
ExcluirTá faltando ele se esconder numa caverna e esquecer que existe internet...
ExcluirUma piada não precisa ser inteligente para ser engraçada. E válida.
Excluir(Sem falar da nota no final do texto, já citada)
"boo-hooo" nào entendeu?? ou é loira ou é contra as "cotas"...
Excluircomo citado, não precisa ser inteligente, interessante é ter conteúdo...
Era a Black Friday (sexta-feira afro, em bom português).
ResponderExcluirSe ele ia dizer Sexta-Feira Preta ia ter gente processando ele.
Falta-lhe humor Renato, ou na verdade faltou inteligência da sua parte para entender a piada, até mesmo para ler a nota no final do texto.
Excluirsó posso dizer uma coisa do redator...que bosta...ashuhaus
ExcluirSexta-feira afro... eu ri!
ResponderExcluirSomos dois hehe
ExcluirSexta-Feira afro??
ResponderExcluirO que vc quis dizer com isso?? Tenho lido tanta asneira racista na internet que quero acreditar que foi só um equívoco, ou uma piada mal colocada, sem intenção racista.. Tomara! Ficou muito estranho..
O resto do texto, sinceramente, também não entendi..
Como não entendeu cara?
ExcluirEle simplesmente quis dizer que, com uma força da televisão e um nome chique o povo compra até bosta em lata, pagando caro por isso.
E como foi dito acima, se ele falasse "Sexta-Feira Preta" ia ter gentinha reclamando que ele falou "PRETA" e é errado, sendo assim, no português correto, "afro"... uma SIMPLES piada!
Desencana de entender cara, o texto foi escrito em bom português e com várias ironias, duas coisas que eu já vi que você não entende bulhufas.
Excluiresse renato é um cuzao
ResponderExcluirAfinal, quanto estava a TV?
ResponderExcluiresse renato é um cuzao
ResponderExcluirtexto ótimo amigo...realmente um absurdo incontestável....e mais incontestável ainda é nosso querido leitor lhe pedir para fazer uma piada mais inteligente..só pode ser piada isso né meu caro.
ResponderExcluirIRONIA... Um dia as pessoas ainda aprenderão o significado dessa palavra!
ResponderExcluirParabens pelo texto, Flavio.
Sou a favor de levantar uma mão quando for sarcasmo. Só assim nego, desculpe, afro, entende.
ExcluirAfinal, quanto estava a TV?
ResponderExcluirSe for para traduzir para o português que se traduza pegando o sentido da tradição importada, nossa língua e nossa cultura... Assim fica: Sexta Azul!
ResponderExcluirSe for para traduzir para o português que se traduza pegando o sentido da tradição importada, nossa língua e nossa cultura... Assim fica: Sexta Azul!
ResponderExcluirGosto assim, de gente que lê tudo. Inclusive a nota no rodapé e faz um comentário reclamando do trocadilho da Sexta Feira Afro. Bacana mesmo.
ResponderExcluirGosto assim, de gente que lê tudo. Inclusive a nota no rodapé e faz um comentário desses sobre o trocadilho "Sexta Feira Afro". Muito bacana mesmo.
ResponderExcluirAchei massa, Sexta Feira Afro!!! rsss
ResponderExcluirÉ Flavio, você deveria ter feito a piada de forma mais inteligente, tipo sexta-feira com muita melanina. kkkk Esses politicamente corretos ainda vão acabar com a graça do mundo.
ResponderExcluirAhhh Como eu detesto politicamente corretos... Não pode falar preto, não pode falar Gordo, não pode chamar japonês de japa... engraçado q se eu aparecer num baile funck (não q eu freqüente) e me chamarem de branquela azeda num vai ter um políticamente correto pra me defender... politicamente hipócritas isso sim ehehe
ExcluirEu amei a sexta feira afro! rs
ResponderExcluirSó fazendo piada mesmo...
ResponderExcluirPessoal, obrigado pelos comentários. É muito gostoso ver tanta gente assim lendo aqui. =)
ResponderExcluirA sexta afro quase não entrou no texto, por que eu achei a piada ruim - mas não tem nenhuma intenção racista não, longe disso. Só uma brincadeirinha com a tradução de black - não tenho ambições de rafinhabastísticas.
Texto simples, leve, engraçado e verdadeiro.
ExcluirA piada é válida.
Ignore essas pessoas sem senso de humor.
:]
tem sempre um pra falar m3rd@ né Renato? Leia a nota de rodapé.. Parabéns pelo texto Flavio. Como vimos por aí, "Tudo pela metade do dobro do preço!". Ô brasileirada burrrrrra!
ResponderExcluirSe quiser sempre piadas inteligentes, mude de blog...
ResponderExcluirO interessante é que a piada foi o mais comentado sobre este texto, em vez do fato do povo se importar mais com o X% de desconto do que com o valor real do produto. É aquela, melhor parcelar em 30 60 90 dias do que em 3 vezes. Muito bom o texto está de parabéns. E viva a sexta-feira afro(ironia)
ResponderExcluirEu entendi que chamou Sexta-feira Afro porque se chamasse de Preta ou Negra, iam te chamar de racista e processá-lo! E eu ri alto, adorei o texto e concordo plenamente. O engraçado mesmo são os comentários, chamando um cara estudante de psicologia de ignorante! O ápice! Pessoas polemizam coisas pequenas e deixam passar coisas grandes ;)
ResponderExcluirO texto é bom, sem dúvida.
ResponderExcluir"Black Friday" só podia ser coisa de brasileiro mesmo. Como sempre, copia tudo dos americanos e não tem nem a gentileza de mudar, pelo menos, o nome por algum similar em português. Também depois de Halloween, Zombie walk e agora, Black Friday no Brasil, o que mais virá?
Acho que podemos ser influenciados por algumas coisas que acontecem no mundo sim, mas que tal influenciarmos também ao invés de só copiar. Cadê a tal criatividade e originalidade do brasileiro?
Halloween já é demais né?! Afinal, já não temos o Carnaval?!
Eu curti, e quem não tem senso de humor nem deveria ler blog...
ResponderExcluirEu curti, e muito! Quem não tem senso de humor nem deveria ler blog...
ResponderExcluirMuito bom o texto.
ResponderExcluirMas realmente é lamentável que as pessoas tenham se preocupado mais com uma ironia - explicada em nota de rodapé -, ao invés do assunto do texto.
Como tem gente burra e que não entende piadas simples nível 1. Tá louco.
ResponderExcluirExcelente texto, a ironia do fim foi a melhor parte.
Fique tranquilo, Flávio. As pessoas que estão reclamando provavelmente são brancas, politicamente corretas, pertencem à classe média e entenderam patavinas do seu texto.
ResponderExcluirAh, elas também não bebem, não fumam, nunca deram uma risada na vida e nunca tiveram uma boa transa.
Elas provavelmente não sabem o que é inteligência. E não sacaram ainda que foram solenemente zoadas. Tem mais essa.
Parabéns pelo texto.
O contexto é pertinente, apenas caberia outra maneira do trocadilho "afro" ou da intenção com a qual escreveu, algo que não deixasse subentendido ou remetesse a afrodescendência ou o negro, como sexta-feira suja, escura, mentirosa ou qualquer coisa parecida. A relação proposta entre "black" e "afro" tem tom pejorativo, com ou sem o objetivo em ser, mesmo porque "black" é cor - e no sentido de sua origem inserida na propaganda nos faz entender que seria um dia chocante com a queda de preços ou algo do gênero, já "afro" define uma raça, enfim sem qualquer ligação e mesmo o dever no sentido do texto.
ResponderExcluirSim, nós sabemos.
ExcluirPróximo.
Perfeitamente, meu caro.
ExcluirOs que se preocuparam com o termo "afro" nem viram que ele "jogou duas pessoas no chão e empurrou uma criança"... então ESCREVER algo politicamente incorreto não pode, mas FAZER algo politicamente incorreto é permitido... Esses são os analfabetos funcionais - não sabem ler e, quando leem, "entendem" só o que interessa!
ResponderExcluirVocê fez um estudo de psicologia e os limitados mostram como são.... limitados
ResponderExcluirUm dos melhores textos que já li.... Humor refinado, crítica de qualidade excelente... Realmente um ótimo escritor....gostoso e leve de ler porém com um conteúdo extremamente pertinente e complexo ao meu ver...caso contrário não seria tão polemizado...Mas acredito que o autor pensou nisso e sabendo disso valorizou certa questão pisicológica no leitor...Interessantíssimo até seus resultado senhor Flávio!!! parabéns
ResponderExcluirGente babava, não tem senso de humor, devia ir pra um convento. Texto ótimo, só perdeu pra os comentários, kkkkkkk
ResponderExcluirPelo amor de Deus viu, o povinho. . . .
ResponderExcluirO cara faz um excelente texto, mostrando o quão consumista e influenciável é o povo só pelo que vê na TV, tanto que nem importa o preço. Pois quem prestou atenção viu que não houveram descontos tão bons assim. Mas o povo comprou, e muito. Mas as pessoas se prenderam no menor dos detalhes do texto, "é preto", "é afro". Talvez esses também compraram uma TV de LCD afro. . .
Pelo amor de Deus viu, o povinho. . . .
ResponderExcluirO cara faz um excelente texto, mostrando o quão consumista e influenciável é o povo só pelo que vê na TV, tanto que nem importa o preço. Pois quem prestou atenção viu que não houveram descontos tão bons assim. Mas o povo comprou, e muito. Mas as pessoas se prenderam no menor dos detalhes do texto, "é preto", "é afro". Talvez esses também compraram uma TV de LCD afro. . .
Aposto que as pessoas que estão reclamando do "sexta-feira afro", sequer terminaram de ler o texto, forma direto para os comentários para "xingar muito no blogspot".
ResponderExcluirExcelente texto, explica bem a situação deplorável em que se encontra o consumidor brasileiro e o delicioso lucro-Brasil.
Cara, que texto delicioso de ser lido. Confesso que ler esse monte de comentário babaca só me faz ter a certeza de que o mundo e as pessoas estão cada vez mais chatas. Espero que tenha um filtro bacana pra leitura dos comentários. Mais uma vez, parabéns pelo texto, foi ótimo digerí-lo. Melhor que o texto, só a sopa!
ResponderExcluirGostei do Sexta-deira Afro +1
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