Aquele abraço

Fui ao Rio de Janeiro pela primeira vez nesse fim de semana e trago opiniões.

Primeiro, sobre violência:
A gente que só conhece o Rio de Janeiro pelos olhos do William Bonner imagina que o negócio é só tiroteio o tempo todo, e olha... Se eu vi um tiroteio foi muito.

Tudo bem, eu fiquei num pedaço minúsculo de uma área rica da cidade, mas não achei tão violento assim.

Quer dizer, vi sim, mas voltada a um público muito específico: o Pedro.

Em todos os lugares que eu ía, encontrei pelo menos uma mulher gritando com pelo menos um Pedro.

- PEDRO, VOLTA AQUI!
- PEDRO, ANDA MAIS RÁPIDO!
- PEDRO, EU VOU ARRANCAR VOCÊ DAÍ!
- PEDRO, NÃO LAMBA O CORRIMÃO!

Às vezes o Pedro era um moleque de três anos, às vezes era um engravatado de quarenta (como no caso do corrimão), então eu entendi que é um preconceito sistemático quanto ao nome, mesmo.

Então, se você se chama Pedro, evite o Rio de Janeiro.

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Outro fenômeno estranhíssimo do Rio é o pessoal dando bom dia. Eu vi várias pessoas dando bom dia para lugar nenhum antes de me dar conta que entre elas e o lugar nenhum tinha eu.

O bom dia era pra mim!
Coisa doida. Você nem me conhece bem o suficiente pra ter certeza que quer que o meu dia seja bom!
Vai que eu falo "bolacha"? Você vai querer que o meu dia seja bom mesmo assim?

Além dessa simpatia estranha, aconteceu o fenômeno raríssimo de que as pessoas que marcaram comigo realmente queriam me encontrar de verdade!
Marquei dois encontros com amigos que de fato apareceram, e um terceiro em que eu mesmo dei o cano.

Os cariocas estão sob a ilusão de que vivem em sociedade. Isso é estranhíssimo.

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Sobre turismo: A cidade é linda mesmo.

Agora, qual é meu ponto turístico favorito? Qual é o lugar a que eu quero retornar? Do que eu mais vou me lembrar sobre a viagem?

Um café em que eu só fui parar porque ninguém vendia pastel na feira hippie.

ELES TINHAM O MELHOR PÃO NA CHAPA DO MUNDO.
Custava dez reais a bagaças, mas eu nunca comi um pão na chapa tão gostoso. Era só farinha, água, manteiga e um encontro verdadeiro com a beleza do universo.

Pão de açúcar é o caralho, bom mesmo é esse pão na chapa.

Difícil explicar, mas nenhum ponto turístico deixou uma impressão tão boa em mim quanto aquele pãozinho. Nem mesmo o Cristo de braços abertos olhando pra vista mais bonita do mundo. Coisa de gordinho.

Cariocas com seus corpos perfeitos, eu respeito se vocês não me entenderem.
Podem me odiar, podem me xingar. Podem até me chamar de Pedro...
Mas eu vou voltar só pra comer o pão na chapa outra vez.

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